segunda-feira, 5 de julho de 2010

O DIA EM QUE O SACI FOI AO SHOPPING

Talvez, o cético leitor tenha estranhado o título desta crônica que se desenrola. Mas devo preveni-lo de que o fato anunciado é verídico e de que não há sombra de dúvidas quanto aos fatos narrados por uma professora, que nesse dia exercia o santo ofício da mãe de família.

Vamos assim aos fatos. Era uma quarta-feira de agosto, quando mãe e filha resolveram fazer um passeio. A escolha foi rápida: “vamos ao shopping” – pensou a mãe da garota. Elas iriam assistir a um filme infantil que estava sendo exibido naqueles dias e aproveitar para conferir umas promoções. Como toda mãe sabe, “criança cresce rápido” e a diligente mamãe, com o cartão de crédito do marido em punho, pretendia renovar-lhe o guarda-roupa.

Assim, depois de passearem bastante naquele mundo de encantos, diga-se “para uns de horrores”, que é o shopping, decidiram tomar um lanchinho enquanto esperavam a sessão começar. Tal foi a surpresa da menina em encontrar o ser da mitologia brasileira passeando entre as lojas daquele centro de compras. Poi, ela havia aprendido na escola, durante aquele mês do folclore, que o saci – negro e de uma perna só – era um moleque “apimentado”, mas que não existia de verdade... coisa que o povo inventava e que passava de pai para filho.

Os olhos daquela menina de quatro anos ganharam uma alegria diferente. As maçãs do rosto ganharam uma nova cor. O sorriso abriu-se escancarado cheio de emoção. A sua frente estava um homem baixinho, negro e sem uma das pernas. “Ué! Só podia ser o saci, que saltava das páginas dos livros de historinhas para o mundo real.

— Mamãe! Olha o saci, mamãe!! Ele existe!!!

Gritava a menina aos pulinhos sem parar. A mãe, por sua vez, envergonhada do pequeno engano da filha e percebendo o incomodo do “suposto saci” e que o “dito cujo” quase saltava para esganar sua doce pequena filhinha – se não fosse o impedimento da perna – metia a mão na boca da garota, tentando impedi-la de extravasar sua alegria. Entretanto, penso eu, que a criança, por sua vez, tinha toda razão na sua reação. Afinal, o saci existia e estava no shopping!!!

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